FAESC
12 de maio 2025
FAESC
12 de maio 2025
Um dos destaques do Seminário de Líderes Rurais da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), realizado na última sexta-feira (09), em Florianópolis, foi a palestra "Produzir e Preservar: o futuro e as perspectivas do agronegócio brasileiro", ministrada pelo ex-pesquisador da EMBRAPA, Evaristo de Miranda.
O evento, conduzido pelo presidente do Sistema Faesc/Senar José Zeferino Pedrozo, reuniu dirigentes sindicais, diretoria do Sistema Faesc/Senar, do Senar Nacional, diretoria do Sebrae catarinense e Nacional, além de representantes da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária e do Governo do Estado, especialistas, técnicos e outros profissionais do setor agropecuário.
Durante sua apresentação, Miranda ressaltou que as exportações brasileiras de alimentos continuarão em expansão nos próximos anos por uma razão simples: o crescimento e a urbanização da população mundial, especialmente nos países árabes e na Ásia, vêm acompanhados do aumento da renda urbana — o que impulsiona a demanda por alimentos.
Segundo ele, esses mercados compram cada vez mais produtos agrícolas e a América Latina (em especial Brasil, Argentina e Paraguai) é o único continente com excedentes suficientes para atender essa demanda global. “As exportações seguirão crescendo, de um lado porque há demanda, e de outro porque temos capacidade tecnológica para expandir verticalmente, ou seja, aumentar a produção pela produtividade. A cada ano, a exportação brasileira cresce porque nossa produção também aumenta”, afirmou.
Como exemplo, Miranda destacou que o Brasil exportou 70 milhões de toneladas de soja apenas para a China. “Entre 2023 e 2024, também ampliamos significativamente a exportação de milho, alcançando 40 milhões de toneladas. Para se ter uma ideia, toda a produção exportável da Ucrânia gira em torno de 30 milhões de toneladas, ou seja, nós exportamos mais que uma Ucrânia de um ano para o outro. As exportações vão continuar crescendo porque há demanda e, sobretudo, capacidade de produção”, concluiu.
DESAFIOS DO AGRO BRASILEIRO
Na visão de Miranda, o agronegócio brasileiro enfrenta dificuldades que não são causadas por ele próprio, mas sim pelo ambiente de negócios do país. “A infraestrutura é um dos principais entraves. É inacreditável que um país como o Brasil não esteja construindo ferrovias, reformando portos ou investindo na criação de novos terminais portuários. O nível de investimento em infraestrutura é simplesmente ridículo”, afirmou.
Segundo ele, os investimentos não acompanham o ritmo de crescimento da agropecuária. “Assim, a infraestrutura se torna um dos grandes desafios: o país precisa ampliar e modernizar suas estruturas logísticas, mas enfrenta entraves, entre eles, a atuação de um ambientalismo militante que impede o avanço de projetos, apesar de todos os ganhos ambientais que representariam”.
Miranda citou como exemplo o caso da Ferrogrão, que permanece bloqueada por decisão do Supremo Tribunal Federal.
INFRAESTRUTURA E INSEGURANÇA JURÍDICA
A infraestrutura é um dos maiores desafios enfrentados atualmente, seguido de perto pela insegurança jurídica. “As leis e suas interpretações mudam constantemente. O agricultor vive em meio a uma verdadeira floresta de incertezas legais. E na Amazônia, a situação é ainda mais crítica, pois não há segurança fundiária.”
Não há investimento para regularizar a situação fundiária de quase um milhão de produtores rurais que estão na Amazônia há décadas e são tratados como ocupantes ou invasores – eles que na imensa maioria foram levados para lá. “Na minha visão, enfrentamos dois grandes desafios: primeiro, garantir segurança jurídica, especialmente no que diz respeito à questão fundiária e ao respeito à propriedade privada; e segundo, desenvolver uma infraestrutura adequada para o setor que é o motor da nossa economia”.
MENSAGEM PARA SC
Miranda ressaltou, ainda, que o objetivo da palestra foi trazer argumentos, números e dados que ajudassem os dirigentes sindicais e produtores catarinenses a perceber a dimensão do movimento do qual fazem parte. “Muitos produzem cebola, maçã, frango ou gado, mas não têm ideia da grandeza da agricultura brasileira da qual são partes essenciais. Somos todos agricultores do Brasil. Trouxe a eles uma mensagem de otimismo. A agricultura tem, sim, futuro — porque há demanda e inovação. A cada ano, precisamos ser melhores: produzir mais e com mais qualidade. E isso só é possível com tecnologia e inovação”, finalizou.
SEMINÁRIO
A programação também contou com palestra do diretor-geral do Senar (Administração Central), Daniel Klüppel Carrara, que abordou “As perspectivas do setor rural sob a ótica da capacitação e inovação”.
Outros momentos importantes foram as assinaturas de importantes projetos entre Sistema Faesc/Senar, Sebrae/SC e Governo do Estado de SC, bem como assinatura de Convenções Coletivas entre Faesc e Fetaesc e Assembleia Geral Ordinária, com aprovação de todos os itens da pauta.