“Cenário global de oferta e demanda e as perspectivas de mercado para milho e soja" foi o foco da webinar promovida na terça-feira (17) pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) em parceria com a Safras & Mercado.
A explanação foi conduzida pelo economista que atua há 35 anos em análise econômica e de mercados agrícolas e diretor técnico da Safras & Mercado, Paulo Roberto Molinari. O palestrante falou sobre os fundamentos econômicos e as tendências dos grãos, destacando os desafios e as oportunidades do mercado agrícola no Brasil e no mundo.
Durante sua apresentação, Molinari falou sobre o câmbio, especialmente sobre os juros nos Estados Unidos e as mudanças no Banco Central do Brasil, abordou o impacto das condições climáticas nas safras, bem como a safra 2025 na América do Sul e nos Estados Unidos e apresentou sua visão geral sobre 2025.
Ao analisar o cenário nacional do milho, o especialista assinalou que a safra de verão será pequena (estimada em 24 milhões de toneladas), com boas produtividades. “Teremos milho, mas se você é consumidor armazene no silo e proteja-se com a demanda no primeiro semestre. Não venda por considerar caro e por achar que comprará barato mais a frente, pois isso não acontecerá”, aconselhou ao completar que o produtor precisará do grão até julho.
De acordo com Molinari, a safrinha brasileira de 2025 está bem desenhada. A venda de sementes já obteve 80% da meta e o plantio está confirmado. A principal incerteza está relacionada ao clima. “Teremos um bom plantio e um primeiro semestre cheio de emoções com chuvas e chances de geada. Se o fenômeno la niña se configurar no primeiro trimestre haverá maiores chances de geadas no inverno”, explicou.
Outra informação importante é que, para garantir o abastecimento no primeiro trimestre, será fundamental contar com o milho da safrinha de junho e julho. “Se você está em Santa Catarina, produz milho e tem consumo, considere armazená-lo. Não se deixe levar pela oferta, pois pagará caro no primeiro semestre”, orientou Molinari.
Ele afirmou, ainda, que o quadro de oferta e demanda está em fase de fechamento e a previsão é atingir 38 milhões de toneladas exportadas em janeiro. “Caso um fator internacional impulsione a demanda por milho brasileiro, o estoque nacional poderá ser rapidamente esgotado. Se você é consumidor e tiver oportunidade de adquirir milho da safrinha para os meses de junho e julho, aproveite. Se é produtor e, quer especular, espere o mercado subir em março, abril e maio”.
Sobre a safrinha de 2025, Molinari destacou que a maior parte da oferta estará disponível entre junho e setembro. “Não é necessário ter pressa para comprar, pois haverá milho suficiente para atender a todos. O etanol não consumirá todo o milho brasileiro e quem determina o preço desse grão no Brasil é exportação”, enfatizou Molinari.
Segundo ele, o Brasil possui 78% da safrinha de milho 2024 vendida. Sobre o primeiro semestre, o palestrante comentou ainda que a safra de soja será de 172 milhões, o que impactará em custos logísticos. “Haverá uma alta de fretes de 20 a 30% no Brasil a partir de fevereiro. Esse aumento é influenciado pela alta do óleo diesel que o Governo planeja onerar com 5% de impostos. Com a safra de soja desse tamanho os custos logísticos serão muito altos”, afirmou.
Molinari também comentou que soja continua extremamente baixista e a única grande variável que pode fazer o mercado reverter isso é o clima na Argentina e parte do Brasil em janeiro e fevereiro. “Se chover bem em janeiro e fevereiro teremos uma grande queda dos prêmios e de Chicago. No caso do milho não acho que teremos problemas de abastecimento no segundo semestre mesmo com ampliação programada das indústrias do etanol para 2025”, concluiu.
O presidente do Sistema Faesc/Senar, José Zeferino Pedrozo, agradeceu a Safras & Mercados pela cooperação ao longo de mais um ano trazendo informações atualizadas, precisas e confiáveis ao público do campo. “Renovamos novamente essa parceria e, no dia 24 de fevereiro de 2025, iniciaremos um novo cronograma de eventos. A programação do próximo ano continuará oportunizando acesso à informação de qualidade, contribuindo para as tomadas de decisões do produtor rural e para o desenvolvimento do agronegócio”.